sexta-feira, 28 de setembro de 2012

(Sem título)

Perto da casa de Ariel havia um bosque onde sempre brincava à tarde, mas nunca se afastava muito. Um desses dias, brincando com sua boneca preferida, apareceu uma enorme e estranha raposa; eles se observaram por muito tempo. De repente, a raposa deu uma intrigante piscada para Ariel, disse para ela o seguir e correu bosque adentro. Ela o seguiu por uns 15 minutos até que chegaram em frente a um portal de pedra, com palavras escritas no topo... Ariel, que além de curiosa, sempre foi uma menina muito corajosa, entrou no portal sem ao menos pensar duas vezes. Ao entrar, notou que estava em um lugar surreal, o lugar que ela sempre sonhou estar. Aquele lugar que toda garota sempre sonhou estar. Algo surreal, inimaginável, limpo e puro. Uma espécie de jardim, coberto por um céu azul, onde lindos pássaros e borboletas das mais diversas cores se divertiam. Ariel, encantada com tudo aquilo, não percebeu a raposa se aproximar novamente, até que sentiu algo a cutucar. A raposa a olhava com jeito de quem tinha pressa. Sempre curiosa, não perdeu a oportunidade e como se esperasse uma resposta, foi logo perguntando: - Aonde estamos? Que lugar é esse? Porque me trouxe até aqui? A raposa, com cara de quem achava saber tudo, respondeu rapidamente: - Coisas de sua cabeça, minha querida, não se deixe ser totalmente levada pelos sonhos. Ariel, decepcionada, olhou novamente ao seu redor, e algo dentro dela, dizia que tudo aquilo era real. Ela andou mais um pouco, sem nem perceber que a raposa a estava seguindo. Se beliscou e deu uns tapinhas enquanto repetia mentalmente "se for um sonho isso vai ajudar, se for um sonho isso vai ajudar". Ao perceber que aquilo tudo era mais real do que parecia, se dirigiu mais uma vez à raposa: - Não, não me diga isso. Isso é real, eu sinto que é. A raposa, ao ver a confiança de Ariel, olhou pra ela com um leve sorriso de canto e disse: - Nunca lhe disseram que se não quiser ouvir a resposta, não deve se fazer a pergunta? Venha comigo, antes que toda essa ilusão acabe. Não vai querer perder uma aventura como esta, não é mesmo "pequena aventureira"? No mesmo momento, Ariel fechou os olhos, e se lembrou de seu amargo passado.. Sua mãe, que havia falecido a algum tempo a chamava assim. E ninguém nunca mais a chamou dessa forma. Era como se tivesse algo de familiar naquele animal, pra falar a verdade, havia algo de familiar naquele lugar. A mãe de Ariel, a contava histórias todas as noites, e sempre falava de um lugar maravilhoso, calmo.. Onde todos pudessem viver livremente, respirar fundo, esquecer das preocupações. Ao se livrar das doces lembranças, abriu os olhos novamente e percebeu que a raposa havia se afastado. Tratou de a seguir, pois queria saber tudo sobre aquele lugar misterioso. Quando a raposa percebeu a presença de Ariel, a olhou com uma cara duvidosa, e ela tratou de logo avisar: - Ok, sem questionar. Só me mostre aqui. Eles fizeram uma longa caminhada, e a cada minuto que passava, Ariel ficava mais encantada com o lugar. Fascinante, diferente, maravilhoso... Era tudo o que ela sabia dizer. A cada lugar novo daquele pequeno mundo, ela se esquecia mais e de como era sua vida. Da sua casa, de seu pai, de seus amigos. Era tão familiar, que nem saudades ela sentia. Os dias passaram, mas Ariel nem percebia. Era tudo tão perfeito, tão surreal. Algo naquele lugar a fazia voltar ao passado, e ela gostava disso. Começou a esquecer do "mundo real" e queria ficar mais e mais naquele lugar. Ariel e a raposa, foram ficando mais íntimos com o passar do tempo.. Até criaram um nome para aquele lugar. O chamavam de "Infinito", pois aquilo era um infinito pra ela. Um lugar só dela, como ela sempre sonhou. Onde ela podia ser ela mesma, sem os julgamentos das pessoas, e estar mais próxima de sua mãe. Sem perceber, Ariel já não se lembrava mais dos familiares, amigos e parentes. Entrou naquele novo mundo dela, e lá se trancou. Esqueceu. Certo dia, Ariel estava dormindo e ouviu pequenos sussurros vindos lá de fora. Ao sair, viu certas pegadas brilhantes, e as seguiu. Chegou em uma pequena casa, com várias escadas. Desceu todas, até que as pegadas foram sumindo. Quando não haviam mais pegadas, Ariel se deparou com um céu diferente, brilhante, e no chão, no meio de folhas secas, encontrou um pequeno pergaminho. Quando o abriu, começou a ler em voz alta "Bem vindo ao Infinito. Está gostando do passeio, "Pequena Aventureira"? Tudo isso foi criado pra você, aproveite. Que tal ficar, e se esquecer das coisas lá fora? Cada dia vivido aqui, são 10 anos lá fora. Aproveite seu mundo, isso tudo foi criado pra você. Isso tudo está dentro de você. Basta acreditar que é real, basta querer ficar." Ariel sentiu medo, pois apesar de gostar de tudo aquilo, amava sua vida lá fora. Ela não queria ficar, não queria acreditar, mas também amava tudo ali dentro. E percebeu, que aquele mundo, foi criado por ela e sua mãe, e tinha que se livrar da dor da perda. Ariel fechou os olhos, e disse em voz alta: "Eu amo aqui, mas eu não acredito. Eu quero ir pra casa, quero voltar." Quando abriu os olhos, estava parada na frente do portal de pedra, e esfregou os olhos ao ler o que estava escrito: "Welcome to your Dreams" ou "Bem vindo aos seus sonhos." 

Brenda - 306 

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